Helena Petrovna Blavatsky
Helena
Petrovna Blavatskaya — Londres, 8 de maio de 1891, mais conhecida como Helena
Blavatsky ou Madame Blavatsky, foi uma prolífica escritora russa, responsável
pela sistematização da moderna Teosofia e cofundadora da Sociedade Teosófica.
Personalidade
complexa, dinâmica e independente, desde pequena Helena Blavatskaya mostrou
possuir um caráter forte e dons psíquicos incomuns, e logo em torno dela se
formou um folclore doméstico. Imediatamente após um casamento frustrado, deixou
o esposo e partiu em um longo período de viagens por todo o mundo em busca de
conhecimento filosófico, espiritual e esotérico, e nesse intervalo alegou ter
passado por inúmeras experiências fantásticas, entrado em contato com vários
mestres de sabedoria ou mahatmas e deles recebido na condição de discípula um
treinamento especial para desenvolver seus poderes paranormais de forma
controlada, a fim de que pudesse servir-lhes de instrumento para a instrução do
mundo ocidental. A partir de 1873 iniciou sua carreira pública nos Estados
Unidos, e em pouco tempo se tornou uma figura tão celebrada quanto polêmica.
Exibiu seus poderes psíquicos para grande número de pessoas, deslumbrando a
muitos e despertando o ceticismo em outros, que não raro a acusaram de embuste,
muitas vezes com boas evidências para tal. Entretanto, em muitos outros casos
seus poderes pareceram autênticos. A controvérsia a acompanhou por todo o resto
de sua vida e ainda hoje está acesa. Nos Estados Unidos estabeleceu uma
duradoura aliança de trabalho e companheirismo com Henry Olcott, com quem
fundou a Sociedade Teosófica, e em 1877 Blavatsky publicou sua primeira obra
importante, Ísis sem Véu, já tendo escrito antes inúmeros artigos. Pouco depois
ela e Olcott transferiram a sede da Sociedade para a Índia, e passaram a viver
lá, até que um incidente, o Caso Coulomb, abalou gravemente sua reputação
internacional, quando foi declarada culpada de fraude num relatório publicado
pela Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres. Voltou então para a Europa,
onde continuou escrevendo e divulgando a Teosofia. Seus anos finais foram
difíceis, estava frequentemente adoentada e envolvida em discussões públicas,
tinha de administrar a Sociedade que fundara e que crescia rapidamente, e a
quantidade de trabalho que se impunha era enorme. Mesmo assim pôde concluir seu
livro mais importante, A Doutrina Secreta, uma síntese de História, Ciência,
Religião e Filosofia, e deixar outras obras de relevo, além de profusa
correspondência e grande coleção de artigos e ensaios.
Blavatsky
surgiu em um momento histórico em que a religião estava sendo rapidamente
desacreditada pelo avanço da Ciência e da Tecnologia, e que testemunhou o
nascimento de uma série de escolas de ocultismo ou de pensamento alternativo,
muitas delas com base conceitual pouco firme ou desenvolvendo práticas apenas
intuitivas, que ganhavam grande número de adeptos em virtude do fracasso do
Cristianismo em fornecer explicações satisfatórias para várias questões
fundamentais da vida e sobre os processos do mundo natural. A importância da
contribuição de Blavatsky foi então reafirmar o divino, mas oferecendo caminhos
de diálogo com a Ciência e tentando purgar a Religião institucionalizada de
seus erros seculares, combatendo o dogmatismo e a superstição de todos os credos
e incentivando a pesquisa científica, o pensamento independente e a crítica da
fé cega através da razão. Lutou contra todas as formas de intolerância e
preconceito, atacou o materialismo e o ceticismo arrogante da ciência, e pregou
a fraternidade universal. Sem pretender fundar uma nova religião, sem
reivindicar infalibilidade nem se intitulando proprietária ou autora das ideias
que trouxe à luz, apresentou ao mundo ocidental uma síntese de conceitos,
técnicas e interpretações de uma grande variedade de fontes filosóficas,
científicas e religiosas do mundo, antigas e modernas, organizando-as em um
corpo de conhecimento estruturado, lógico e coerente que compunha uma visão
grandiosa e positiva do universo e do homem. Com isso a Teosofia se tornou,
ainda que contestada por vários críticos, um dos mais bem sucedidos sistemas de
pensamento eclético da história recente do mundo, unindo formas antigas e novas
e provendo pontes entre vários mundos diferentes - sabedoria antiga e
pragmatismo moderno, oriente e ocidente, sociedade tradicional e reformas
sociais. Influenciou milhares de pessoas em todo o mundo desde que apareceu,
desde a população comum a estadistas, líderes religiosos, literatos e artistas,
e deu origem a um sem-número de seitas e escolas de pensamento derivativas.
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